Como a população cearense é afetada por greve de 26 categorias

Enquanto servidores federais e Governo não chegam a um acordo, serviços prestados à população seguem total ou parcialmente suspensos. Ficou mais difícil tirar passaporte, exportar e importar e questionar uma multa. A greve tem prejudicado também a fiscalização dos alimentos produzidos no Estado.  A greve dos servidores públicos federais começou a se espalhar em junho pelo País e hoje já atinge 26 categorias só no Ceará. Ontem, foi a vez dos agentes da Polícia Rodoviária Federal cruzarem os braços. Já são cerca de 3 mil servidores federais paralisados no Estado. Eles reivindicam reajuste salarial.

Um dos serviços prejudicados com a greve é a emissão de passaportes. Se antes da greve da Polícia Federal (PF) eram emitidos até 150 passaportes todos os dias em Fortaleza, hoje são 30 ou 40, no máximo. “Nós damos preferência para aqueles que estão com a viagem mais próxima”, informa Carlos Façanha, presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Ceará (Sinpof-CE).

Sócia de assessoria para solicitação de vistos, Marissa Andrade diz que muita gente está atrasando planos de viagem. “Caiu o movimento na empresa. As pessoas não podem tirar visto sem passaporte.”

A PF mantém 30% do efetivo trabalhando. Estão suspensos os serviços de atendimento ao público: oitivas, porte de arma, atendimento a estrangeiros, entre outros. O esquema de greve dos auditores da Receita Federal é diferente. Todos estão trabalhando, mas em “operação padrão”, desde 18 de junho. “Significa fazer análise mais criteriosa das mercadorias importadas e exportadas, que acarreta lentidão nas operações”, explica Edilson Lins, diretor do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Ceará (Sindifisco-CE).

Nenhum levantamento de multas e tributos em atraso também é concluído. “Isso tem impacto na arrecadação”, diz Lins. Nesses dois meses de greve, foram 5 dias de paralisação total. Na próxima semana, serão mais 48 horas. “Nenhum servidor gosta de fazer greve, mas nossos salários estão congelados desde 2008”, argumenta.

Responsáveis por fiscalizar a produção e comercialização de alimentos produzidos no Estado, fiscais agropecuários estão em greve desde 6 de agosto. “Os produtos consumidos não estão sendo fiscalizados”, frisa Adriano Custódio, presidente do sindicato da categoria. Em ato público, a categoria protestou contra medidas como corte de pontos. Segundo o sindicato, foi distribuída uma tonelada de alimentos para a população em frente à sede da Superintendência Federal de Agricultura no Ceará. Os alimentos foram comprados pela representação sindical.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

A greve dos servidores federais atinge 40 categorias em todo o País. A principal reivindicação é o reajuste salarial. O Governo já ofereceu reajuste de 15%, mas o percentual não foi aceito pelos grevistas.

Saiba mais

Alguns órgãos com serviços parcialmente suspensos no Ceará: Incra; Ministério da Saúde; Secretaria Especial da Saúde Indígena; agências nacionais (ANTT, Anvisa, Anatel, Anaq, ANS, ANP, Antac, Aneel, Ancine); Departamento Nacional de Produção Mineral; Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (lphan); professores de universidades e institutos federais; Ministério Público Federal; Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Por determinação judicial, 70% dos servidores da Anvisa, que fiscaliza cargas de exportação e importação, estão trabalhando nas áreas essenciais: portos e aeroportos. É o que afirma a assessoria de imprensa do órgão.

Servidores estaduais estão apoiando o trabalho da Anvisa. “Não há desabastecimento de qualquer tipo de produto no mercado nacional”, informa a Anvisa, por meio de nota.

 

Fonte: O povo Online

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