Trigésima Caminhada da Seca em Senador Pompeu

Caminhada da Seca - Foto: Fram Paulo

DIA 11 DE NOVEMBRO DE 2012 ACONTECERÁ EM SENADOR POMPEU A 30ª CAMINHADA DA SECA.

Caminhada da Seca – Foto: Fram Paulo

A Caminhada da Seca que acontece em Senador Pompeu, Estado do Ceará,  este ano está completando 30 anos de tradição. É um importante patrimônio cultural de Senador Pompeu, que teve início no ano de 1982, idealizada pelo Padre Italiano Albino Donatti, em memória aos flagelados que morreram no  campo de concentração da seca de 1932, vítimas da incompetência e da irresponsabilidade dos governantes.

 
Motivados pela fé e pela devoção espontânea, no segundo domingo de novembro de cada ano, milhares de pessoas, partem da igreja matriz ao cemitério da Barragem do Patu, o Campo Santo do Sertão, onde é celebrada uma missa. O cemitério da barragem é um local sagrado para a comunidade, chamado de Santuário da Seca.
A trigésima Caminhada da Seca tem como tema: “Caminhada ao campo santo do sertão, por cidadania e vida digna no semiárido”. Chama a atenção para a questão da convivência com o semiárido, a seca é um fenômeno natural, que acontece desde muito antes dos primeiros europeus chegarem a essas terras. Depois de tantos anos, tantas secas ao longo tantas gerações, ainda não se aprendeu a conviver com a seca. Estamos vivenciando uma seca tão intensa quanto a de 1932, obviamente os efeitos danosos não têm a mesma intensidade em virtude de uma série de avanços, como: construção de açudes de grande porte, perfuração de poços artesianos, estradas, carros pipas, cisternas, temos outra conjuntura que tem amenizado os problemas sociais gerados pela seca. Mesmo assim, a população da região semiárida afetada pela seca, ainda sofre muito. Principalmente por falta de políticas públicas voltadas para a convivência com a seca. Ver-se comumente  ações paliativas, necessárias, mas que não resolvem o problema a médio e logo prazo. Neste momento a caminhada da seca tem uma simbologia muito forte, no sentido de chamar a atenção dos governantes como da própria população, para refletir e buscar alternativas para se viver com dignidade no semiárido, tão belo, tão rico culturalmente.

A barragem do Patu teve suas obras iniciadas no ano de 1919 e foram paralisadas em 1924. Nesse período foram construídos os casarões da barragem, a vila dos ingleses como é conhecida, pois foram edificados por uma empresa inglesa. A barragem do Patu, que serviria  para amenizar a problemática da seca, foi palco da maior tragédia da região. Na grande seca de 1932, milhares de sertanejos foram atraídos para Senador Pompeu, com a promessa de trabalho e comida. A mesma barragem que deveria armazenar a água vida, motivou a instauração do campo de concentração no local. Mais de 16 mil pessoas foram confinadas em uma área de pouco mais de 3 km quadrados, milhares morreram, vítimas de doenças, maus tratos, higiene precária e fome. Tudo planejado e patrocinado pelo Estado, que deveria ter garantido o mínimo de dignidade para os sertanejos, que tiverem seus direitos humanos violados pelo próprio Estado.

Além e de Senador Pompeu, outros sete municípios também tiveram campos de concentração de flagelados, foram eles: Ipu, Cariús, Quixadá, Quixeramobim, Crato e Fortaleza. Dos sete campos de concentração de flagelados que foram implantados pelo governo no ano de 1932, o único que mantém viva a história é o município de Senador Pompeu, através do patrimônio material, os casarões da barragem, o local foi usado para aprisionar os flagelados da seca e o patrimônio imaterial, que é a devoção popular pelas almas da barragem e a tradicional caminhada da seca.
Assista ao vídeo de divulgação da 30ª Caminhada da Seca:
Informações: (88) 9916-5994
Fonte: Blog Instituto Casarão

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