Milhã, município do Sertão Central do Ceará, enfrenta mais uma vez uma grave crise hídrica que tem se tornado um desafio recorrente ao longo dos anos. O Açude Jatobá, principal reservatório da cidade, está com apenas 6,7% de sua capacidade, enquanto a população lida com racionamento extremo e dificuldades de acesso à água potável.
Essa situação crítica é agravada por uma estiagem prolongada, comum na região, e pela indisponibilidade da Adutora Patu, em Senador Pompeu, que historicamente servia como uma alternativa para socorrer o município em períodos de seca. Com isso, o abastecimento de água ocorre de forma intermitente, limitando o fornecimento a apenas três ou quatro dias por semana. Além disso, a água disponível não atende aos padrões de consumo humano, gerando ainda mais preocupação entre os moradores.
Medidas Emergenciais e Planos a Longo Prazo
Diante do agravamento da crise, a Prefeitura de Milhã, sob a liderança do prefeito Alan Macêdo, tem implementado medidas emergenciais para mitigar os impactos. Entre as ações realizadas estão:
- Contratação de carros-pipa: Para abastecer áreas mais críticas.
- Limpeza e reativação de poços profundos: Alguns desses poços possuem água salobra e só poderão ser utilizados após tratamento adequado, que ainda não tem previsão de conclusão.
- Criação de uma Comissão Especial de Enfrentamento à Crise: Formada para planejar e executar ações emergenciais e coordenar esforços entre os níveis municipal e estadual.
Além disso, o município será um dos primeiros a ser contemplados pelo projeto estadual Malha D’água, que promete ampliar o acesso a fontes alternativas de abastecimento hídrico. O início do projeto está previsto para o primeiro trimestre de 2025 e traz esperança para uma solução mais duradoura.
Desafios Históricos
A repetição cíclica da crise hídrica em Milhã evidencia a vulnerabilidade da região às condições climáticas extremas e a necessidade de planejamento hídrico sustentável. Apesar dos esforços locais e estaduais, a dependência de soluções emergenciais, como carros-pipa, e a falta de infraestrutura eficiente tornam a situação cada vez mais difícil.
A seca não impacta apenas o abastecimento residencial. O setor agropecuário, fundamental para a economia local, também sofre com a falta de água, comprometendo a produção e o sustento de muitas famílias. Conhecida como “Terra do Leite”, Milhã enfrenta desafios para manter a produção que é símbolo da cidade.
A Busca por Soluções Sustentáveis
Enquanto medidas emergenciais ajudam a amenizar os efeitos da seca, especialistas e autoridades reconhecem a necessidade de investimentos estruturais. Ações como a construção de novas adutoras, o fortalecimento do sistema de reservatórios e a ampliação do reuso de água são apontadas como fundamentais para que Milhã e outras cidades do semiárido possam enfrentar períodos de estiagem com maior segurança.
A população de Milhã, resiliente diante das adversidades, espera que a união de esforços entre as esferas municipal, estadual e federal resulte em ações concretas e duradouras. Garantir o direito básico ao acesso à água é, mais do que uma questão prática, uma questão de dignidade para quem vive em uma região marcada por desafios climáticos.