COPA 2014 – Acerca da cultura, projetos são pouco concretos

Propostas embrionárias.

Questionados sobre seus planos para a Copa de 2014, Secult, Setur e Secopa têm projetos ainda pouco concretos.

Na próxima semana, dia 14 de setembro, a Fifa realiza uma nova visita a Fortaleza. O objetivo é fiscalizar as obras do Castelão e garantir que esteja tudo pronto para o calendário de jogos, que, aliás, tem início não em 2014, mas a partir de junho do próximo ano, com a Copa das Confederações. A comissão da Fifa, por enquanto, se concentra na estrutura do estádio, mas, segundo garantiu o secretário da Copa, Ferruccio Feitosa, todas as pastas do governo já começaram a se mobilizar.

Na quarta-feira, Cid Gomes prometeu tirar alguns velhos projetos da Secult do papel, além de anunciar um festival para o período da Copa FOTO: ALEX COSTA

“Esse é um trabalho que está sendo realizado pelo Governo Federal com as 12 sedes do mundial. O andamento dos projetos segue, inicialmente, com mobilidade urbana e estádios; depois, segurança pública e, então, cultura e turismo. Estamos pensando em estrutura, mas já queremos visualizar o que vamos oferecer para o público desses jogos. Nós do Governo do Estado achamos que é importante destacar nesse período as belezas naturais, a cultura e a gastronomia cearenses”, adiantou, sem muitos detalhes, Feitosa.

O discurso de Bismarck Maia, secretário de Turismo, mantém o mesmo tom. Em entrevista concedida durante a reinauguração do Teatro Carlos Câmara (antigo Teatro da Emcetur), durante esta semana, o secretário afirmou que este é um momento de criação e revitalização de espaços para que, posteriormente, se possa pensar nas pautas.

“Nós estamos trabalhando em três linhas: primeiro, preservando os atrativos naturais. Por exemplo, estamos elaborando uma grande política de saneamento básico das praias, que sempre foram nosso cartão postal. Segundo, reformar o patrimônio histórico. Como a reforma deste teatro, o restauro da Emcetur, do Seminário da Prainha… E o terceiro é a construção de novos equipamentos, como foi o Centro de Eventos. Cada um vai melhor servir dentro da sua respectiva pauta”.

Tanto Bismack Maia quanto Ferruccio Feitosa incluíram o pacote de medidas para a Cultura apresentado por Cid Gomes esta semana no conjunto de ações culturais voltadas para a Copa de 2014. Apelidado de “Virada Cultural”, o investimento ficou orçado em R$ 118 milhões e engloba, entre outros, a reforma e restauração de 13 equipamentos culturais do Estado.

Apesar de realmente terem uma ideia inicial do que se pretende para o mundial, o que se percebe nas declarações de Secult, Setur e Secopa é uma turva nuvem de propostas, sem muita definição ou prazo, além de uma preocupação muito maior com as estruturas do que com as programações.

Em construção

Assim como boa parte dos encaminhamentos da cultura em relação à Copa, a reunião de Ferruccio com o secretário da Cultura, Francisco Pinheiro, não tem data marcada, mas deve acontecer. A Secult, no entanto, ainda não sinalizou nada muito concreto quanto a Copa do Mundo, além da “Virada Cultural”.

Isto acontece principalmente porque, na verdade, sequer o Ministério da Cultura (MinC) definiu seu planejamento para o mundial. Para pensá-lo, o MinC montou um grupo de trabalho, do qual Anchieta Cunha, servidor da Secult, participa, representando o Ceará. “O ministério reuniu pessoas das 12 cidades-sede dos jogos. Esse grupo é formado, no caso do Ceará, por duas pessoas da Secultfor e duas da Secretaria de Cultura do Estado”, esclarece Cunha.

Segundo ele, o debate com o Ministério da Cultura tem sido fundamentado em duas ações: a criação das Arenas Culturais (espaços de difusão de aspectos culturais de cada uma das 12 cidades-sede) e o investimento em qualificação profissional.

“O MinC estabeleceu uma parceria com o Pronatec (Programa Nacional do Ministério do Trabalho), para que eles ofereçam cursos profissionalizantes na área da Cultura. Vão ser R$ 7,5 milhões do Governo Federal para atender 3,7 mil pessoas. Com contrapartida de 20 % do Governo Estadual”, revela Cunha.

Para ministrar os cursos, serão feitas parcerias de cooperação técnica com instituições especializadas em cada área. “Alguns espaços serão importantes nesse processo: o Senac, porque já tem cursos nas áreas que serão ofertadas; o Sentec, que é do Estado; o Instituto Federal do Ceará (IFCE), que tem curso de Artes Cênicas… E o próprio Dragão do Mar, com essa nova modelagem, já passa a se estabelecer como espaço de formação”, adiantou Cunha.

Os cursos a que ele se refere são: gastronomia, finalização de vídeo, web design, operador de câmera, produtor cultura, organizador de evento, produtor de vídeo, modelista, operador de áudio, maquiador, iluminador, fotógrafo e muitos outros.

Oportunidades

O investimento em formação para setores da cultura durante esse período é também considerado uma prioridade na opinião do produtor cultural Ivan Ferraro. Artista plástico e músico, ele é mais conhecido por estar à frente de um dos principais projetos culturais do Estado, a Feira da Música.

“O Ceará não está preparado para a quantidade de agências de comunicação que devem vir para cá, no sentido de oferecer mão de obra. Então, essas agências vão acabar importando assistente de câmera, fotografo, repórter… Quem estiver preparado para essa demanda, que aliás começa pelo menos seis meses antes da Copa, vai sair na frente, com certeza”, defende Ferraro, que acredita no audiovisual como a linguagem que mais deve se beneficiar com o evento.

Segundo Ivan, a Secult ainda não iniciou nenhuma conversa com os produtores locais sobre a Copa, mas o artista não acredita que isso seja preocupante. “Temos que entender que, em um evento como esses, há muitas orientações vindas do próprio Governo Federal, então a autonomia do Estado e do Município diminui”, avalia.

Para ele, a melhor sugestão para a classe artística é a mobilização, criando programações paralelas que atraiam o turismo dos jogos. “O turista brasileiro, de São Paulo, por exemplo, se conforma em ficar na praia. Mas o estrangeiro se importa com os atrativos culturais, quer ver o que é o nosso povo, como se manifesta”, explica Anchieta Cunha, que acrescenta: “Esse é um evento de tanta magnitude que até quem não estiver preparado vai ser influenciado por ele. Então, quem estiver atento, vai ter acesso a muitas oportunidades”.

REPÓRTER
MAYARA DE ARAÚJO

Fonte: Diário do Nordeste

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