Comandados de Tite fazem 3 a 1 e complicam Tricolor gaúcho, que mirava a liderança. No returno, Corinthians atrapalhou os três primeiros colocados
O torcedor do Corinthians lota o Pacaembu, vê uma grande exibição do time contra um dos líderes do Campeonato Brasileiro e fica com um gosto estranho: dava para brigar pelo título nacional? A equipe de Tite parece querer se provar só contra os grandes. Foi isso que ela fez ao vencer o Grêmio por 3 a 1, neste sábado, de forma convincente e até arrasadora nos minutos iniciais – Ralf e Guilherme marcaram com apenas dez minutos de jogo. Parece que o campeão da América usa o Brasileirão só para “brincar” e atrapalhar os postulantes ao título nacional – e se preparar para o Mundial de Clubes, claro.
Mas que o gostinho do título fica, isso fica. Só no returno, diante dos três melhores times do Brasileiro, o Corinthians venceu Atlético-MG e Grêmio em casa e empatou com o Fluminense no Rio de Janeiro – no primeiro turno, tirou pontos do Vasco, outro integrante do G-4, em São Januário. Em compensação, o Timão perdeu para o ex-lanterna Figueirense, foi derrotado nos clássicos para Santos e São Paulo… E se tivesse vencido esses adversários? Como o “se” não entra em campo, os comandados de Tite chegaram aos 31 pontos, em nono lugar. Longe do rebaixamento, longe de brigar pela taça.
Já o Grêmio ficou sem o gostinho da liderança, que poderia ter saboreado por pelo menos uma noite. O Tricolor interrompeu uma série de cinco jogos sem derrotas, estacionou nos 44 pontos e perdeu a chance de alcançar o Fluminense na tabela – levaria vantagem por ter mais vitórias. Está em terceiro lugar.
O Corinthians volta a jogar na próxima quarta-feira, às 19h30m (de Brasília), contra a Ponte Preta, mais uma vez no Pacaembu. Já o Grêmio recebe o Náutico no Olímpico, quinta-feira, às 21h.
Paulinho que se cuide…
O volante Paulinho está no Recife, bem longe do Pacaembu, servindo à seleção brasileira. Mas teve motivos para ficar com uma pulguinha, por menor que seja, atrás de orelha. Ele é titular incontestável do Corinthians, um dos melhores jogadores da equipe, mas viu seus concorrentes brilharem logo nos primeiros dez minutos de jogo. Candidatos a “novos Paulinhos”, Edenílson e Guilherme fizeram jus ao título: apareceram bem no ataque e construíram o placar a favor do Timão.
O Grêmio assustou no início, é verdade. Não está brigando pelo título à toa. O primeiro lance de perigo da partida foi em uma triangulação entre Elano, Kleber e Zé Roberto, que terminou em finalização do último para fora. O Gladiador só fez essa jogada e apagou. Zé foi o mais lúcido, sempre pelo meio e tentando encontrar um companheiro livre. Nada que tirasse a empolgação de cada corintiano que trocou as inúmeras opções da noite paulistana pelo Pacaembu.
Isso porque logo aos cinco minutos, a principal virtude dessa equipe de Tite apareceu: os volantes que entram como surpresa na área. Martínez começou pela direita, e Guilherme exigiu grande defesa de Marcelo Grohe, mas o rebote sobrou para Ralf. Acostumado a destruir jogadas, ele construiu um golaço de pé esquerdo, que nem é o bom, após drible seco em Fernando: 1 a 0 Timão.
A vantagem precoce fez o Corinthians abusar de outra virtude, o contra-ataque. Com os “Paulinhos genéricos” desfilando em campo, o segundo gol veio fácil, fácil, aos dez minutos. Edenílson fez o que quis com a defesa gremista e serviu a Guilherme, objeto de desejo antigo da diretoria alvinegra. O chute na saída de Marcelo Grohe comprovou que sua contratação foi certeira. Primeiro gol do volante pelo seu novo clube, e 2 a 0 no placar.
Vanderlei Luxemburgo se irritou com a apatia do Grêmio, e, aos 20 minutos, sacou o volante Souza para a entrada do meia Marquinhos. Os gaúchos ficaram mais com a bola nos pés, mas o meio-campo se embolou na tentativa de armar jogadas. Melhor para o goleiro Julio Cesar, que trabalhou pouco em sua volta ao time, melhor para Martínez e Romarinho, válvulas de escape corintianas em investidas perigosas. O time da casa só não aumentou o placar porque a dupla falhou na pontaria – algo que Tite já vinha cobrando em jogos anteriores.
Luxa muda jogo, mas não o resultado
Vanderlei Luxemburgo costuma ser ousado em suas mudanças. Quando tem a chance de liderar o campeonato, então, é capaz de se impor ainda mais. Ele deixou o Grêmio sem volantes ao tirar Fernando e lançar Marco Antônio, e injetou velocidade com Leandro na vaga de André Lima, que fez de tudo para ser expulso – perdido entre os zagueiros, fez muitas faltas duras e foi substituído por precaução.
Criativo, o Grêmio empurrou o Corinthians para a defesa e tentou compactar o jogo do meio para frente. O Timão se retraiu e apelou para a velha linha de impedimento. Mais uma vez, ela falhou. Aos 12 minutos, Pará cruzou na área e encontrou Marquinhos sozinho. Enquanto os defensores levantavam os braços pedindo impedimento, o meia encontrou Leandro sozinho na pequena área para completar: 2 a 1.
Muito recuado, o Timão deixou o jogo mais tenso. Acreditando no resultado e sem medo de atacar, o Grêmio continuou rodando a bola para buscar uma brecha na defesa rival. Tite confiou demais nos contra-ataques de Martínez, e ainda reclamou de um pênalti claro sobre Romarinho. O árbitro Marcelo de Lima Henrique nada marcou, e ainda se perdeu em outros lances durante a partida.
O Grêmio chegou a ter nove jogadores no ataque, mas a única chance real foi na bola parada de Elano, que acertou o ângulo esquerdo, mas viu Julio Cesar voar para fazer a defesa. A felicidade corintiana foi assegurada aos 45. Adilson recebeu pela esquerda e cruzou para trás. O garoto Giovanni recebeu, girou e bateu no ângulo, de direita. Um golaço. Mais um postulante ao título atrapalhado pelo Timão. Ao Tricolor, resta apenas tentar a recuperação na próxima rodada e torcer para o Fluminense não se distanciar tanto na liderança.
Fonte: GloboEsporte